5.15.2012

O pequeno João de Barro e sua asa quebrada

O que me conta de novo? Voou por esses dias? Eu quebrei a minha asa, parei de voar por um tempo. Foi bom, comecei a reconstruir a minha casa, fiquei tanto tempo voando, te mostrando as paisagens que visitei pelo mundo a fora que esqueci da minha casa, meu ninho. Por esses dias revesti com palha, folhas da floresta orgânica, lembra, que passamos por lá? Eu encontrei por esses dias que a minha asa quebrou.

Encontrei tanta coisa sabia? Tanta, mas tanta coisa. Objetos decorativos, sentimentos que eu havia esquecido. Encontrei a tristeza, ela com seu jeito torto de agir e com sua insônia insolente, sempre me acordava a noite, logo quando eu fazia o curativo da minha asa quebrada, me ajeitava na cama, tomava alguns comprimidos para não sentir dor, caso eu deita-se em cima da minha asa, então, eu fechava os meus olhos, tentando lembrar que você estava voando, enquanto eu estava impedido de voar; então ela me acordava, a tristeza, sentava ao lado da cama, gélida como sempre, não tinha como não senti-la, eu abria os olhos e lá estava ela, chorosa, com suas depressões e ainda com notícias de você, eu dizia a ela que não me interessava, que eu estava aproveitando esse tempo para me arrumar, deixar minhas penas mais bonitas e ela insistia em dizer que queria conversar comigo e confesso que não conseguia dizer não - ela é sempre insiste que e eu sempre sedo - quando eu via já era de manhã, meus amigos das árvores vizinhas, já estavam despertos, cantando, dando comida aos filhos, as vezes a tristeza continuava a falar durante o dia, tirava apenas alguns cochilos durante a tarde, enquanto eu tentava decorar minha visão, meus movimentos, só que eu evitava mexer nos móveis do coração, sabia que lá estaria uma bagunça, que eu encontraria vestígios teus concretos.

E a tua viagem está boa? Conseguiu chegar a praia? Eu sempre fui a praia enquanto as minhas asas agüentavam, uma vez fomos juntos, não, fomos mais de uma vez. Uma vez os pombos ficaram irritados com a gente, por que éramos pássaros viajados e eles coitados, comiam resto. [tempo] Não comentarei mais sobre você, aliás, não me mande mais notícias, sei que o que você escreve é pra dizer que está tudo bem, mas tenho certeza que deve ter passado muita fome, frio e chuva, viajando por aí sozinho, é bom, eu viajo sozinho às vezes, só que normalmente tenho vários companheiros, amigos que voam na minha latitude e é sempre tão divertido, a gente faz umas paradas tão boas, exploramos o que há de mais bonito. Fomos a outros países. Isso quando a minha asa ainda estava boa.

Hoje assim que a tristeza saiu para visitar o meu vizinho, ele perdeu parte das sua penas, levou banho de água quente de um corvo que apareceu aqui por esses dias, ela foi lá pra desabafar um pouco com ele. Fiquei feliz, porque ela é minha amiga, as vezes eu gosto de recebê-la aqui, mas é que ela tem ficado aqui muito tempo e isso me incomoda, me atrapalha para fazer as coisas, fico sempre dando atenção ela. Te não contei que assim que você, antes de viajar, quebrou os galhos da minha árvore, o desespero, apareceu aqui do nada? Fazia tanto tempo que eu não o via, você tinha de ver como ele está feio, acabado, ta gordo, agressivo, me deixou louquinho, falava tudo meio rápido, desarrumou os móveis, quis gritar e como ele é muito grande e forte, quase que eu não consegui detê-lo, por pouco ele não me atirou arvore abaixo. Com tamanha confusão, os meus amigos vizinhos aqui do lado esquerdo, vieram me ajudar e a acalmá-lo, eu acho que ele está usando drogas, pois das outras vezes ele, aparecia dava um “oi” e ia embora, mas não, dessa vez se não fosse os meus vizinhos do lado esquerdo aparecerem, ele teria me matado - Deus me livre em vôo!

Desde que você quebrou os galhos da minha árvore e expeliu junto contigo o Sabiá...Ah como eu amava o Sabiá, o canto dele era sempre tão bom, nos conhecemos a muito tempo, apesar que eu sabia que as vezes ele desafinava, fizemos aulas de canto juntos e sempre cantávamos num coral de brincadeiras que inventamos; eu o conhecia, o agudo de sua voz era falsete inúmeras vezes e ele sabia que eu sabia. Ficava em segredo nosso, as vezes eu comentava isso, mas ninguém acreditava, afinal ele é sempre muito bonito, canta bem, humilde, quase em extinção. Mandaram-me uma notícia dele essa semana também, que coisa, essa semana recebi tanta coisa, tantas notícias, tantas visitas, isso só porque eu não posso voar, se pudesse, eu teria ido visitar uns amigos da serra, lá a vista é tão bonita. Me disseram que o Sabiá, não quer mais cantar. Que depois que você entrou na composição da nova musica dele, ele se frustrou, eu não acreditei não, ele é forte e não é qualquer coisa que impede sua inspiração para compor. Ok, quem me disse foram as Borboletas, sei que elas gostam de embelezar e deixar o verde mais colorido, e eu acredito nelas, só não tenho acreditado no que fiquei sabendo do Sabiá. E eu te pergunto, por que você quis compor com o Sabiá? Você sabe que eu também canto e nunca me ajudou a compor, por aqueles tempos que você morou aqui, sempre me dizia que não estava para escrever nada, meio revoltado agora, claro que antes de você quebrar os galhos da minha árvore estava mais tranqüilo, só não queria saber muito de mim.

É, hoje eu revolvi falar muito, estava guardando muito, precisava tentar arrumar tudo isso aqui. O Beija-Flor, me trouxe um material de limpeza para eu limpar tudo, trouxe: força em gel, esperança líquida, um pouco de coragem para misturar com motivação, disse que é bom pra remover as manchas do piso. Ah! Também trouxe um abraço, um aconchego e dois tapas nas costas, é bom, assim eu arejo e lustro os pensamentos. O Beijo-Flor é sempre assim, vem trás e depois continua de flor em flor. Eu queria ser um Beija-Flor, sempre em movimento, sempre está onde tem doce e cor, impossível segurar um Beija-Flor, já viu um na gaiola? Ele não agüenta e nunca sente falta de estar preso, a liberdade é a felicidade dele.

Então ele se foi e eu comecei.

Achei algumas fotografias ao lado da minha cama, que eu não reparava a muito tempo, havia foto com: As Borboletas, com o Beija-Flor, com Você, com o Canário, com os Periquitos, com o Tucano, a Andorinha e com o Sabiá. E começou a ventar na hora, pensei que fosse chover, mas não era chuva, era Saudade chegando, ela vem levezinha, com seu ventinho que se sente no fundo da alma, se ela fosse uma pássaro como a gente, acho que ela seria um Papagaio, por que sempre repete as palavras sensitivas ao passar por nós. E eu acho o Papagaio bonito, às vezes incomoda, mas é um companheiro e faz bem tê-lo por perto, ele nos avisa de algum perigo.

Assim que ela passou, eu fechei as cortinas, organizei as fotos, joguei a sua, por que não queria imaginar que você estaria explorando novas imagens, vento no bico, sem mim. Eu preferia não ter te conhecido, por que dói saber que existe alguém como você voando pelo mundo. Nesse momento que eu pensava em você, lá embaixo, começa latir o Apego, estava latindo alto, me incomodou, joguei água, pedra e até alpiste, ele não queria ir embora, ficou horas latindo alto, anoiteceu e dormiu encostado na minha árvore e acredita que está até agora lá embaixo? Fazendo guarda - Ai esse Apego, por isso que é um cachorro, não separa por nada, mas sei que quando ele cansar ele vai procurar outra arvore para se encostar.

Pronto, cheguei, aos móveis do coração, o principal – o baú, estava cheio de pó, senti nele um cheiro de mar, água salgada, de choro mesmo, deve ter se entristecido por esses dias, estava velho tadinho, com uma pintura craquelada – E pensar que eu tinha dado ele pra você, mas você não gostou, achou ele velho, pesado e nem tão bonito assim. Lembro que na época que resolvi te dar um dos meus bens mais preciosos, você recusou, me deixou chateado e acho que ele também, desde então não reparei nele, continuei minhas viagens contigo e deixei-o aqui, pensei que ele estava seguro, entretanto ele sentiu minha falta, sentiu a sua rejeição, coitado!

Só que o Medo me telefonava no momento que em que ia abri o baú do coração. Ficou um tempo conversando comigo. Quando eu desliguei, fui deitar um pouco, não me sentia muito bem, sentia frio, coloquei uma musica pra relaxar, era “Mary Voices Piu” seu piado é incrível. Chorei um pouco, acho que por você, pelo Sabiá, pelo baú do coração, pelas viagens, por minha asa quebrada, pelos vizinhos do lado esquerdo, por tudo.

Me sentia apertado!

A tarde, decidi abrir o baú.

Eu tremia, a minha asa doía um pouco, não tinha feito o curativo ainda. O baú do coração estava meio mofado, encontrei tanta coisa que eu havia esquecido. Lá encontrei algumas penas do meu falecido pai, pego por um gavião em fúria. Lá encontrei algumas folhas escritas, alguns cartões, alguns objetos do passado que nem lembrava mais, alguns presentes ganhados de uns pássaros em que compartilhei o meu baú para que guardassem seus utensílios antes de levantarmos vôo juntos. Havia muita coisa do Sabiá também e alguns vestígios teus. Lembrei que você estava longe e é ruim se sentir sozinho, só que agora abria o baú, não feito antes. Senti meu rosto molhado, olhei em volta e vi que a tristeza tinha voltado, estava a porta, o apego latia lá embaixo, senti o tremor do desespero chegando novamente. Rapidamente limpei o baú, deixei lustrado, fechei-o e nada tirei de lá. Por um bom tempo deixarei fechado, antes que a dona saudade venha como tempestade e desarrume tudo aqui, gosto dela leve, como um vento geladinho no verão.

Aguardo levantar vôo, os próximos serão lindos, eu sei, por que pelo menos minha casinha está organizada, limpa e cheirosa. E minha asa?!

Ah, esqueci de falar, eu sei voar com uma asa só...

http://www.youtube.com/watch?v=sqRFAlCtE04

2.12.2012

O amor acaba...

O amor acaba. Numa esquina, por exemplo, num domingo de lua nova, depois de teatro e silêncio; acaba em cafés engordurados, diferentes dos parques de ouro onde começou a pulsar; de repente, ao meio do cigarro que ele atira de raiva contra um automóvel ou que ela esmaga no cinzeiro repleto, polvilhando de cinzas o escarlate das unhas; na acidez da aurora tropical, depois duma noite votada à alegria póstuma, que não veio; e acaba o amor no desenlace das mãos no cinema, como tentáculos saciados, e elas se movimentam no escuro como dois polvos de solidão; como se as mãos soubessem antes que o amor tinha acabado; na insônia dos braços luminosos do relógio; e acaba o amor nas sorveterias diante do colorido iceberg, entre frisos de alumínio e espelhos monótonos; [...] no sábado, depois de três goles mornos de gim à beira da piscina; no filho tantas vezes semeado, às vezes vingado por alguns dias, mas que não floresceu, abrindo parágrafos de ódio inexplicável entre o pólen e o gineceu de duas flores; em apartamentos refrigerados, atapetados, aturdidos de delicadezas, onde há mais encanto que desejo; e o amor acaba na poeira que vertem os crepúsculos, caindo imperceptível no beijo de ir e vir; em salas esmaltadas com sangue, suor e desespero; nos roteiros do tédio para o tédio, na barca, no trem, no ônibus, ida e volta de nada para nada; [...] uma carta que chegou depois, o amor acaba; uma carta que chegou antes, e o amor acaba; na descontrolada fantasia da libido; às vezes acaba na mesma música que começou, com o mesmo drinque, diante dos mesmos cisnes; [...] na janela que se abre, na janela que se fecha; às vezes não acaba e é simplesmente esquecido como um espelho de bolsa, que continua reverberando sem razão até que alguém, humilde, o carregue consigo; às vezes o amor acaba como se fora melhor nunca ter existido; mas pode acabar com doçura e esperança; uma palavra, muda ou articulada, e acaba o amor; na verdade; o álcool; de manhã, de tarde, de noite; na floração excessiva da primavera; no abuso do verão; na dissonância do outono; no conforto do inverno; em todos os lugares o amor acaba; a qualquer hora o amor acaba; por qualquer motivo o amor acaba; para recomeçar em todos os lugares e a qualquer minuto o amor acaba.

[Paulo Mendes Campos]

8.16.2011

A carta que não entreguei...

[hoje reorganizando o novo guarda-roupa, achei uma carta que não entreguei...]

[..]

Puxa, estamos juntos há uns meses e ainda não te escrevi nenhuma carta. Talvez por que tudo o que temos vivido simbolize e diga tudo, mas hoje resolvi te escrever. Escrever qualquer coisa: Que o dia está frio, mas com um sol lindo lá fora. Ou escrever que você me faz muito bem e que o teu beijo é “totoso”, que seu abraço conforto e que seu cheirinho, perfume bom.
Poderia eu escrever que estar com você é uma das minhas motivações e fonte de energia. Que quando estamos juntos, minha alma se aquieta e meu coração bota tudo no ritmo de um bolero, gostoso e relaxante.
É, as vezes preciso ouvir sua voz, seu jeitinho quieto e intimo de falar e de ouvir seu riso discreto e seu intelecto, invejável. Me acho as vezes chato com você, mas é que meu sono não é o mesmo sem o teu “Boa noite!”. É, percebeu o quanto você faz diferença?
Puxa, pensei agora, nesses meses, que não me limitam no tempo cronológico, fizemos muitas coisas, acho que um “pouco” de “quase” tudo. Só não fizemos a sessão “[...]” ( é assim que se escreve? rs) , não viajamos juntos, não assistimos “Ensaio sobre a cegueira”, não dançamos coladinhos, você não dançou “Pole Dance” pra mim (ai ai..rs), não dormiu em casa, não gritamos um com o outro, não dormimos no carro, não fomos ao parque (porém andamos de pernas-de-pau), não decidimos o que vamos montar para estarmos no palco juntos, não casamos (essa foi forte...kkk)...Nossa tantas coisas...Tantas coisas que fizemos e outras “INCONTAVEIS” que “AINDA” não fizemos, mas quero e muito, ter você em cada momento.

Com você nenhum momento é igual ao outro.

[..], passaria o dia inteiro escrevendo pra você, mas eu tenho que trabalhar, tenho que sustentar “nossos” filhos.

Te admiro [...]. Você mora nesse coração tirano aqui.

Com amor,

Dri

(29/09/2008)

6.20.2011

PELÍCULA

Um bar, um vento gelado na espinha, uma fruta. O menino de olhos pequenos, que em poucas palavras seguiu seu rumo, sua estória, seu jeito manso de dizer e seus pensamentos e desejos feito turbilhão passaram pela pequena mesa de bar. Uma cena. Um take. Um roteiro de vida sendo descrito, um protagonista e seu laboratório forçado. O homem em meio a tantos brinquedos que já não era imagem, era humanização de aparências, com seus traumas, seus segredos; sua saliva densa raramente externada. Olhos brilhantes, um coração gigante, sonhos lindos que passam dia-a-dia em aglomerada bagunça de pensamentos. Maria, José, João, Antônio, nomes que explicam a formada fonte de talento deste pequeno e intenso menino. Um corte. Gravando. E a película da vida real continua sendo rodada.

6.14.2011

E agora?

E agora José? Se visse além do horizonte, as dunas não terminariam como na fotografia. E o vôo que não levantou? O salto dado à queima roupa, foi extravagante demais para sua personalidade tímida, sua beleza introspectiva. O fusca azul, a menina na bicicleta e você ainda no mesmo lugar, observando tudo – que não mudou nada. E amanhã? O mesmo dia de sempre, que lá no fundo te incomoda, que te cansa, só uma pena que te coça as axilas e nem sequer sorri. Quinta, sexta, sábado que te aguarda e não expressa nada, nada além de mais um dia. O amor que não sofre mais por você, pois nem para amar tens forças; as musicas românticas não te comovem mais, pois “Love Songs” só tem o mesmo sabor quando o coração quer chorar. E agora? E agora José? O que faz da tua vida? O que faz dos teus dias? O que tens feito para realizar os seus sonhos?

2.04.2011

De noite...

Gosto de sentir o suor que escorre naquele momento em que nos olhamos cara a cara que sem saber o que fazer com a boca um beijo devorador e cheio de saliva e línguas enfurecidas brigam entre si capaz de levantar as armas e daí então iniciar uma deliciosa briga.

Enlouqueço ao passar pelas suas intimidades, de prová-las, de sentir o sabor. O som do seu gemido distante de mim agora, deixa meu menino em alerta e tudo isso é apenas o começo. Ouvir seu balbuciar safado dentre pêlos, suor e desejo, nos leva em contra posição, agora sou em você e você mim. Segundos, minutos, uma eternidade que poderia não ter fim. Somos dois em milhões de seres que neste momento nos habita.

Amo o cheiro que se expande pelo ar, o cheiro de nós em derradeiro fruto animal que se espalha pelos cantos do cômodo a meia luz. O início já não é mais começo e o fim que não chega porque não queremos. O que antes fora volúpia, neste instante é surto, são dois seres em entrega e um mundo inteiro girando a nossa volta. Molhados por dentro e por fora e com dedos lubrificados, que não se apaga. Me calo por gostar de sentir entre em minhas mãos o que mais nojento possa parecer. Amo seu cheiro - em mim de noite.

1.27.2011

Buenos!

Buenos! Buenos aires estoy viviendo.
Essa tua pele branca com a minha queimada, faz de nosso reflexo no espelho uma arte, uma beleza misturada.
Esse sorriso que diz tudo e nada, que me leve e me trás.
Buenos!
Que o ritmo da dança continue e que a musica não pare de tocar.
Breja, seja, nossa. Você em mim, nós, um mundo imenso pra explorar.
Contudo, o que fica é a frase: E quem não quer?

12.21.2010

Reveillon 2010, que venha 2011.

Eu queria poder fechar o ano e poder dizer que realizei tudo o que almejei nesta vida toda, mas se assim eu fizesse, o que eu teria para querer mais? Não consegui nem poucos por centos do que quero ainda, mas fui feliz, neste ano comecei a ver o que comecei a plantar há quinze anos e ainda não é nem o começo.
Neste ano pude perceber o quanto algumas pessoas mudam minha vida, o quanto preciso de minha família para seguir e o quanto eles precisam de mim. Este ano me mostrou que a vida é um fio e besta de quem não tem força para seguir e tomar suas próprias decisões. Este ano eu não mudei só de casa e nem regredi, este ano eu mudei de mim, re-enxerguei a vida e ela é linda, mesmo com o coração em cacos, notei o quanto ainda tenho que vencer, lutar e aprender. Deus quis me provar que sou mais forte que imagino e está me convencendo.
Conheci pessoas, viajei e tive momentos inesquecíveis nestas viagens, trabalhei muito, mais uma vez reconhecido pelo meu trabalho, amei e desamei, controlei meu consumo e cultivei meus amigos.
Agora é agenda nova, planos novos, ainda mais força para os objetivos, pois a vida não pára e eu muito menos. BORA!

10.27.2010

Poesia pra Alguém

Alimento o meu corpo de tua ausência
Meu sustento são lembranças
Meu sonhar é futuro, contrário
do que encontro nas suas cartas antigas
Neste momento cantigas
No meu peito cirandas
E e minha boca, seu beijo.

9.29.2010

Eu sabia...

Bateu
E eu sabia que bateria
Inventiva e ilusória
A saudade pungente
Na janela da memória

Bateu, uma semana
Que as rugas traçadas
Numa geometria angulada
Com agulha, pontiaguda
Rasgando triunfal o coração adormecido

Bateu e descarregou
A bateria e que eu sabia que bateria
Tardou a angustia
Que há horas não sentia
E lá no fundo – o canto
Do pássaro que morreu
Da musica que numa mais se tocou
O sabiá que nunca mais vi
Nunca mais cantei
E que hoje
Bateu em minha janela

Bateu, eu sabia que bateria
Quando ele foi
A bateria descarregou e eu não ouvi
Nem cantei a sua musica
Meu eterno sabiá.

9.23.2010

NEUTRO

Eis o período de desaguar
De acender o fósforo
Visceralizar
Botar fogo na alma
Congelar as emoções
Eis o período temido

[A.Veríssimo]

8.05.2010

A benção...

[a benção]
Comentei muito de você nesses últimos dias
Talvez foi a saudade que bateu ligeira
devastando todo o esquecimento
fazendo-me lembrar
recordar de quando chegava do trabalho
da maneira que me chamava
do orgulho que sentira ao me ver pela primeira vez na tv
das incansáveis vezes que disse ao mundo
"esse meniiiino..."
alongando "nino" e sem nunca completá-la
hoje, eu entendo
Teria orgulho de mim?
Pois aprendi a dirigir sozinho, você não estava do meu lado
Comprei meu carro, como sempre falei
Cheguei a idade adulta
E não me viu passar no vestibular
Não me viu cantar
E nem estava aqui quando eu voltei do outro lado do mundo
Quando sangrei por dentro,
quando ri até fazer xixi nas calças,
Quando deixei a tua casa para tentar a minha
E a benção...
você dormiu, pai, antes de eu lhe pedir...
[pra sempre, até um dia]
a benção pai.


[Feliz dia dos Pais...onde você estiver!]

7.15.2010

Pitangueira

Só pra deixar com água na boca o processo que resultará o Curta-Metragem: Pitangueira. Direção: Sami Makino.

Estou mergulhando em meu personagem: Márcio - o enfermeiro da clínica psiquiatrica, boa persona.....e por aí vai.

7.08.2010

No rosto e no livro...

Vou te contar uma coisa, mas você tem que prometer que será segredo nosso, só nosso.
Sim você me pegou, pelos meus sentimentos, pelas minhas carências.
Se ouvimos a mesma musica, naquele instante, não foi o puro acaso, não foi.
Você me pegou na rodovia, me levou em algum canteiro e me salvou de um suicídio.
Naquele momento eu tive que te olhar, em meio a muitas informações, a tantas pessoas na estrada, eu tive que reparar em você.
E sim, você me pegou de jeito, no alvo certeiro, nem havia percebido direito e você estava lá, naquele altar, que eu montei.
Só não se assuste, por favor, não fuja.
Entre, fique a vontade, não vá embora sem eu te levar a porta, por que se não você não volta.
Você me pegou sim, me pegou, não em matéria física, em algo que transcende e que muito mais importa.
Sim, você começou a rascunhar e talvez não entendemos a obra de arte que se dará; talvez nem você, nem eu sabemos e nem podemos explicar.
Na rotação das horas, nos metrôs, nos trens, nas cadeiras de madeira, nas noites e galas, a gente se encontrou...e sim, você me pegou...
Pegou em música, em sons e palavras gentis, na educação, na maneira de agir...
Sim, você me pegou e agora? Pra que fugir?
Mude. Me assuste. Troque o fim é a hora.
Juntemos os mundos.
E agora?
Vamos fugir?
Juntos.

6.12.2010

Momentos Paulistanos *09

Ainda era outono, mas o frio castigava a cidade de São Paulo, com uma garoa fina, típica e característica da cidade. Ele acordou com os cabelos desgrenhados, olhou pela janela e o dia estava cinza e o vento balançava as arvores. Um banho demorado, uma roupa qualquer e sem nenhuma feição chegou ao escritório, cumpriu o ritual do "bom dia!", sentou-se a mesa e leu seus e-mails, como de costume. Goles de café para acordar, ou para se animar, pena que naquele dia ele não queria ser visto, não queria falar, não queria nada - ou tudo. Lembrou de sua vida pacata, de sua barba por fazer, dos dias neutros e dos filmes que assistira a semana anterior por não ter o que e com quem fazer. Brindou com a solidão a ausência do amor. Engoliu a valiosíssima champanha francesa com raspas de vidro. Reparou nas bocas falantes sem som a sua volta, mãos gesticuladas, barrigas por baixo de gravatas, cachecóis e copinhos de café a todo o momento sendo jogados no lixo. Observou o porta-retrato ao lado do seu monitor, ele abraçado por detrás dela, os dois sorriam numa paisagem exuberante; baixou a foto, baixou a cabeça, respirou fundo, subitamente virou-se para mesa detrás (dela) com a foto nas mãos e disse:
- Acho melhor a foto ficar com você. Acho melhor eu pedir as contas.

5.24.2010

Barulhos do quarto Vizinho. Cartas ao quarto.

Olá, como você está? Tenho sentido falta de você nesses dias, estava acostumada a ouvir os barulhos dos seus passos andando apressado pela casa. Eu queria dizer que estou bem, andei um pouco gripada por esses dias, por isso não apareci na janela como é de costume todas as tardes. Pensei em você, é, pensei sim, fiz chá de erva cidreira esses dias, eu sei que você gosta e eu adoro, reconheci que estava tomando chá de erva cidreira esses dias por que reconheço de longe. Te senti meio triste por esses dias, mais precisamente no domingo; desculpe a indelicadeza, mas já me acostumei a ouvir as musicas do Raul em ultimo volume, até aprendi a cantar uma das musicas e neste domingo você não ouviu Raul, ouviu Caetano, quase que não reconheci o volume estava baixo, sei que era Caetano por algum momento entendi os versos do leãozinho. Espero que já esteja melhor, me dói saber que está mal, por que quando você está triste, automaticamente, me faz também. O que aconteceu com tua mãe? Ai, olha eu novamente querendo me intrometer na sua vida, é que ela saiu cabisbaixa esses dias, encontrei com ela no elevador, nos cumprimentamos, ela mal levantou os olhos e estranhei, por que estou pra conhecer uma mulher alto astral e tão bem arrumada como sua mãe, sempre de sorriso largo, roupas coloridas, unhas vermelhas e muitas jóias. Em todo caso, mesmo sem saber o que houve, mande um beijo a ela, admiro muito sua personalidade. Ah, a sindica esses dias veio falar de você, disse que você tem andado com más companhias, duvidei um pouco, afinal, somos parecidos, tão solitários, logo disse a ela que não pensasse e fizesse mal jus de você, pois sei que tens chegado tarde da noite por causa da pós-graduação e que umas cervejas a mais não faz mal a ninguém; e você é jovem, bonito, com esses cabelos cacheados, essa barba por fazer, que cá entre nós te deixa extremamente sexy, tem que curtir mesmo, só não te convido para um whisky qualquer noite dessas por que tenho tomado remédio, ando com umas dores de cabeça constantes, achei que podia ser sinusite, mas o médico disse que pode ser stress ou algo relacionado ao sistema nervoso, acho difícil, pois o único nervoso que tenho passado é com a falação da senhora do 33 e com os interfones da sindica reclamando do meu gato. Aliás, desculpe, fico até envergonhada, pelo vaso de flores de sua varanda que ele derrubou esses dias, ia limpar, só não limpei porque quando fui pra tentar me explicar você estava saindo com aquela moça bonita, bem afeiçoada, ela faz pós também? Ai, desculpe, olha eu querendo saber da sua vida mais uma vez, só achei que ela é um pouco diferente de você, acho que você precisa de uma moça mais bonita, charmosa, que saiba cozinhar, cuidar de você com carinho e que além de tudo, goste de seus defeitos e suas manias, mesmo sem ter trocado contigo uma conversa com mais de três diálogos e ainda assim pensa em você todos dias e todas as horas; uma moça dedicada e que saiba de Grotowski a Paulo Coelho, que ouça Dalva de Oliveira nos dias cinzas e grite desafinadamente, do quarto do lado, algo como: maluco beleza...Olha eu aqui, achando, querendo, desculpe...sou uma estabanada, eu só queria dizer que confundiram sua conta de água com a minha e ela está junto desse bilhete, espero que não pise nela quando abrir a porta. Um grande beijo. Ap. 25.

4.26.2010

3x A Igreja do Diabo

Até que enfim...chegamos ao resultado da Oficina "3 em 1" do Projeto Interações Estéticas do Teatro Commune. Agora chegou a hora de gozar.



Quem puder prestigigar, está convidado!

Beijo
c/ amor, carinho e respeito.

4.03.2010

Sábado..Aleluia!

Eu nunca vou interferir na vida ao ponto de tirar sua liberdade.

Eu sempre espero ser tratado com "amor, carinho e RESPEITO".

E eu não queria dormir, eu queria ouvir e ser escutado, porém eu tive que mentir, a muitos eu menti, mas os seletos sabem, que eu não dormi

Os olhos de Iemanjá lá de Boa Viagem me vieram na conversa, e revelou o que eu não tinha entendido, agora entendo, mas não sei o que sinto.

As palavras da amiga Bruxa e o contexto umbandista, nos fizeram até o cansar dos corpos a escutar e entender o que mais ninguém entende.

O que fazer a um filho de Oxossi? A filha exata de Iansã? E a doçura de Ogum? É bom saber para melhor lidar.

"É bom saber para melhor lidar"

E nesse tempo todo ainda não chovia.

Na cama ao som de Bethânia, notas musicais em meio ao silêncio da cama de casal a dois. Não era briga, nem mágoa, era reflexão.

Logo pela manhã, a confirmação: Pessoas boas, sofrem mais.

"Tá doendo?" Perguntou. "Não, só estou leve e estar leve agora incomoda mais do que o peso que venho carregando a tempos" Respondeu.

Conclusão na descida da ladeira: Gosto de ir aonde dói. ....... #bomdia



........

Postado no twitter/adriverissimo
03/04/10

3.23.2010

Pirilim

Alento
Aconchego de mim,
Tu, que foi e nada mais é
que um encontro de mim
Uma parte de mim, uma celula de mim
Assim
Uma pedra de anim, de mim, que nada mais é

Chamejante
Fitando, flertando, namoricando
Nada mais é que um momento em mim
dos bons que foram e não voltam mais aqui
Aqueles que tomaram parte de mim
de mim, aqui, assim.

Menino
do rio, do frio, da flor vermelha que surgiu
Da parte branca de mim
assim, do nosso começo e sem prévia de fim
risos da consolação ouvindo partimpim
você, de mim, eu, de mim,
na gamgorra ouvindo você dizer:
sim pirilim!

***

(Adriano Veríssimo)

2.25.2010

O mar onde te encontrei



Cantando na beira da praia
Escrevendo poemas na areia
As ondas do mar batia na emoção
Meu pobre coração se pôs junto com o sol
Fazendo, correndo, amando
Juntando o azul do céu com verde dos teus olhos
E em você,
o mar onde te encontrei

Era lindo de se ver
Podia me aquecer
Queria incendiar

Lá eu pude ver
te reconhecer
Lá eu aprendi amar


[Adriano Veríssimo]